terça-feira, 22 de junho de 2010

Somewhere only we know; parte II

Eu senti minhas pernas perderem a força e, como não encontrei uma árvore para apoiar, cai sentada no chão enquanto a enxada caia a poucos centímetros de mim. Meu coração disparava dentro do peito e, com toda a certeza do mundo, meu rosto estava vermelho e totalmente quente. Fala sério, isso é um sonho?
- Lil, eu senti sua falta. – o homem do macacão laranja se sentou ao meu lado e sorria para mim, com seus olhos claros brilhando à luz da lua que já começava a aparecer.
- Jake? Pelo amor de Deus, é você mesmo? – Jake? Nãããão, aquilo era fisicamente impossível, mesmo que eu nunca tenha gostado de física. Quero dizer, eu vi o meu Jake machucado, eu ouvi o Dr. Richard dizer que ele corria risco de vida e fui eu que joguei a sua chave dentro daquele buraco gigantesco quando eu tive que me despedir de você. Então, o que você estava fazendo aqui? - Ah, Lil, não vá me dizer que já me esqueceu? – um sorriso abafado brincava dentro do seu peito e um hálito frio fez com que eu perdesse meu fôlego quando ele aproximou seu rosto do meu e sorriu. Era o mesmo hálito de menta, só um pouco mais... frio.
- Não, não, não! – se aquele era mesmo o meu Jake, eu tinha que deixar bem claro que nunca conseguiria esquecê-lo. Nem em dois mil anos! – Por favor, não pense isso, é só que... não dá pra acreditar que você está aqui, entende?
Ele riu e eu senti vontade de tocar o seu rosto e beijar seus lábios, já que agora a saudade transbordava no peito e pedia que eu tivesse novamente as mãos de Jake entrelaçadas nas minhas. Mas, se ele era mesmo um fantasma, tudo dizia que eu não conseguiria tocá-lo, certo?
- Como eu não entenderia? Eu te conheço, Lil, se esqueceu? – eu sorri e chacoalhei a cabeça, evitando ao máximo piscar, com medo de que ele desaparecesse do mesmo modo como apareceu. – Sorvete de chocolate com calda de baunilha, cardigãs coloridos, flores silvestres e comédias-românticas. "Sem sangue, por favor!". – ele sussurrou, imitando a minha voz.
- Mas como... você sempre esteve aqui? VOCÊ SEMPRE ESTEVE AQUI? – eu juro que posso socar aquela cara se ele disser que vinha aqui sempre e só hoje resolveu aparecer.
- Não, não. Eu consegui... escapar por uns minutinhos, sabe como é. – ele sorriu, piscando, e eu senti uma necessidade imensa de tocá-lo. Levei minha mão até seu rosto, quando ele chacoalhou a cabeça e disse, num suspiro. – Aquilo dos filmes, sabe? Sobre atravessar paredes e tudo o mais? É verdade... Quero dizer, só eu posso tocá-la, mas você não conseguirá me sentir. Nem tente, amor.
Eu sorri, sem-graça, e enfiei minhas mãos dentro do bolso da jaqueta enquanto observava suas feições sem dizer absolutamente nada. Ele estava intacto, por Deus: seus olhos continuavam lindos, e aqueles machucados tinham desaparecido do seu rosto. Obrigado!
- Por favor, feche seus olhos. – O quê?
- O QUÊ? – eu arfei e me segurei para não bater no seu peito que, na verdade, não estava ali. Eu me recusava a fechar sequer meus olhos para piscar, que dirá fechar meus olhos por mais tempo que milésimos de segundo. Quem sabe o que pode acontecer quando eu fechar os olhos? O meu Jake pode desaparecer feito fumaça, não!
- Você ainda acredita em mim, certo? – OK, lá vinha ele novamente com esse truque baixo de desconfiar da minha confiança. Eu sempre cedia, e sentia que agora não poderia ser diferente. Porque, afinal de contas, eu realmente acreditava nele.
- Você venceu novamente, seu espertalhão. – eu respirei bem fundo, me preparando com o fato de que, talvez, quando eu abrisse novamente os olhos, não encontrasse mais a figura perfeita de Jake sentado ao meu lado, totalmente relaxado. E fechei os olhos.
Parecia irreal. Era como se pequenos borrifos de cristais de gelos passassem pelo meu rosto e acariciassem minhas bochechas, ao mesmo tempo em que eu não sentia realmente isso. Quero dizer, era como se uma brisa suave de inverno estivesse ali, na minha frente, acariciando meu rosto.
- Deixa-me abrir os olhos, por favor...
A brisa suave de inverno tocou uma das minhas mãos e uma leve pressão nos meus dedos fez com que eu sentisse, novamente, o meu coração parar dentro do peito e depois voltar ao trabalho, num tranco surdo.
- Eu sempre te amarei, minha Lil. – e quando eu me preparava para retribuir suas palavras, depois de retomar o controle sobre a minha voz, embargada por lágrimas quentes de saudades, a pressão dos meus dedos agora se encontrava na minha boca. Suave, doce e com um adorável cheiro de menta.
Eu queria estreitar meus braços ao seu redor e me afundar no seu colo, mas sabia que encontraria o vazio. E eu estava evitando, ao máximo, o sumiço de Jake. Mal respirava, na verdade, com medo de que qualquer gesto, mesmo que passasse longe do brusco, afastasse sua presença.
- Por favor, viva a sua vida por mim, Lil. – e, num repente, a pressão gelada nos meus lábios cessou.
Não!
Eu abri meus olhos e encontrei o vazio, o mesmo jardim. As lágrimas vinham novamente à tona, mas não era felicidade nem tristeza. Era saudade, pura e simples saudade. Porque eu sabia, muito bem, que tê-lo visto uma vez mais já era sorte demais e que isso não voltaria acontecer.
- Ok, Jake. – eu me levantei num pulo e sequei duas lágrimas que escorriam, teimosas, pelo meu rosto. Tratei de abrir um sorriso e procurar a chave do jardim no bolso da minha jaqueta, enquanto sussurrava para o escuro. – Eu viverei a minha vida por nós dois, querido.

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Espero que tenham gostado! Love ya :*

sábado, 12 de junho de 2010

Querido Diário,

11/08/10

Querido Diário,
Você provavelmente vai achar que isso é coisa da minha cabeça, eu sei, mas eu juro que não é. Juro mesmo. Como você sabe, hoje era o dia da tal Feira de Ciências e, como você sabe também, meu projeto era constituído por estúpidas batatas produzindo uma estúpida energia elétrica. Eu não queria chegar ao ginásio com ela e corri para o laboratório, a fim de escondê-las por lá e fugir para bem longe daqueles nerds que fazem com que eu me sinta um asno. E sim, Julian está incluído nesse seleto grupo de mentes brilhantes e estranhas. Mas, continuando, quando eu acendi as luzes da sala, encontrei algo gigantesco coberto por um lençol branco e, como era de se esperar, fui logo descobrir o que era aquilo. Puxei o lençol e encontrei o que eu acho que deve ser mais um projeto de ciências, intitulado "Máquina do Amor Perfeito". As instruções diziam que eu só devia colocar um capacete, pensar em todos os detalhes do meu "amor perfeito" que ele sairia em poucos minutos em um tubo de vidro transparente. Eu coloquei o capacete, ainda rindo internamente da lorota que aquilo me parecia, e pensei no cara perfeito: olhos verdes, cabelos castanhos, um sorriso perfeito, uma voz de veludo, ombros largos, romântico, bem-humorado, fiel, que realmente gostasse de mim e todo o blábláblá que você sabe que eu espero. A máquina começou a fazer uns barulhos estranhos e, para minha surpresa, um moço exatamente como o imaginado saiu no tal tubo de vidro. Eu juro que é verdade e também juro que ele é de verdade!!
Ele saiu de lá, com o que eu presumo ser o seu melhor sorriso, me disse o seu nome (Vitor Hugo, meu nome preferido) e disse que deveríamos fugir daquela Feira de Ciências para comer uma pizza ou só para conversarmos. Fomos a um restaurante que eu nem sabia que existia, ele puxou a cadeira para eu me sentar, pagou a conta, fez com que eu me sentisse uma princesa; o primeiro encontro com o cara dos meus sonhos foi exatamente como eu esperava: perfeito!

12/08/10

Querido Diário,
Eu contei para Julian sobre a história da Máquina do Amor Perfeito e ele riu da minha cara. Disse que isso é, no mínimo, fisicamente impossível e só conseguiu acreditar em mim quando Vitor chegou em casa para me ver. Acredita que ele levou um buquê de flores para mim? Vitor Hugo é um fofo, disse que adora minha risada e também comédias românticas. Nessa hora, Julian fez uma careta (ele simplesmente o-d-e-i-a comédias românticas, acho que já escrevi isso antes), disse que precisava ir e sussurrou para mim que eu deveria ter cuidado, porque o par perfeito não existe. Ele é meu melhor amigo, então não deveria ficar feliz com a minha felicidade?

11/10/10

Querido Diário,
Hoje faz dois meses que eu e o Vitor nos conhecemos. E posso te contar um segredo? Não aguento mais esse chato no meu pé o tempo inteiro!! Ele é amável com a minha mãe e com a minha avó, meu pai diz que ele é tudo aquilo que sonhou para mim, ele me traz flores todos os dias, aguenta minha TPM e vive me chamando de amor. Mas tuudo isso já me encheu o saco e até seus olhos verdes que, antes, me pareciam duas pequenas esmeraldas, já me parecem tão... normais. Ah, e é claro, ele anda implicando com a minha amizade com o Julian e eu quase virei um soco naquele rosto perfeito quando ele disse que eu não deveria ir assistir filmes com ele e a turma da escola, porque ele era meu namorado e eu deveria ficar com ele o tempo todo. T-o-d-o!

28/10/10

Querido Diário,

Eu terminei com o Vitor hoje e, bom, não foi bem como eu pensava que fosse. Primeiramente, eu expliquei meu ponto de vista sobre o exagero e ele disse que só queria demonstrar todo o amor que ele tinha por mim. Eu disse que não precisava de tanto e terminei com ele. Então, ele começou a chorar e chorar e chorar até que se dissolveu em lágrimas. E quando eu digo isso, estou usando o sentido literal da palavra dissolveu: ele acabou derretendo em lágrimas e, agora, Vitor Hugo não existe mais. Não passa de uma poça d'água.
Eu liguei para Julian na mesma hora, até porque uma explosão de sentimentos se misturava dentro de mim. Ele riu, disse que isso deveria ser normal, porque eu tinha acabado de matar alguém que nunca existira de verdade e ainda me lembrou do dia em que ele conheceu Vitor e me disse que amores perfeitos não existem. Eu disse que ainda discordava dele, mas que a minha visão do amor perfeito mudou. Ele perguntou qual era minha nova visão de amor perfeito e eu ri, porque ainda não sabia exatamente como definir o meu melhor amigo nerd e que odeia comédias românticas.

• Pauta para o BLK :)

Só mais três palavras?

Típica noite de quinta-feira, eu abro o Orkut e a primeira coisa que eu distingo é um gritante e colorido "Eu te amo". A segunda coisa que eu vejo é que essas três palavras estão sendo trocadas por um casal de namorados que sequer comemoraram uma semana de namoro. "Eu te amo" pra lá e pra cá, como se um estivesse pedindo o saleiro para o outro.
Eu fecho a pagina, dou um sorriso amarelo e chego à conclusão de que alguém está redondamente enganado sobre o que é o amor: ou sou eu ou é o mundo inteiro que passou a usar o "Eu te amo" como cumprimento. Eu nunca namorei, posso ter até uma visão "errada" e fantasiosa demais sobre o que é o amor e não tenho experiência alguma para comentar esse assunto, mas eu sempre acreditei que é impossível amar uma pessoa a partir de uma dúzia de palavras trocadas. Amor não é macarrão instantâneo.
Não é porque disse que ama, que tá amando, já que amor é muito mais que só uma frase de sete letras. Amar é realmente precisar da existência da outra pessoa para que a sua própria existência seja completa, é entender as diferenças e aceitá-las, é apoiar e receber apoio nas horas mais complicadas, é entender que um pedaço da sua felicidade está diretamente ligado à felicidade do outro. É maior que tudo aquilo que podemos falar e pensar sobre tal sentimento, é algo indescritível.
E eu volto a dizer que alguém está muito errado nessa história: ou sou eu, que ainda acredito que o amor é o melhor sentimento do mundo, algo que ainda pode salvar o mundo da auto-destruição. Eu, que ainda acho que o amor pode ser algo mágico, lindo e, principalmente, verdadeiro ou é o mundo que acha que amar é dar uns beijos no dia tal e dizer a tal frase de três palavras no dia seguinte. Sinceramente, duvido muito que esteja errada, porque é praticamente impossível que o melhor e mais puro sentimento do mundo tenha se tornado só mais uma palavra sem grande importância, só mais uma palavra para ser encontrada no dicionário.
Portanto, nunca diga que ama se não existir verdade por detrás dessas palavras. O amor não é uma mentira e não merece ser banalizado como uma. Porque ainda devem existir pessoas como eu e talvez até como você que acreditam no amor e em tudo o que ele pode transformar.

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EEEEI CORAÇÕES! Tudo bem?
Não vim tagarelar muito, só dizer que posto a continuação do Somewhere Only We Know no próximo post. É que eu escrevi esse texto na quinta-feira, como disse no começo do texto, inspirada em fatos reais e também por um tema antigo do BLK. E como hoje é dia dos namorados, resolvi postá-lo.
Falando nisso, FELIZ DIA DOS NAMORADOS aos que namoram! *-* Aproveitem beeem essa data com a pessoa especial e faça desse dia algo memorável. Aos que não namoram, como eu, só digo que algum dia aproveitaremos esse dia com a pessoa certa, porque se ainda não apareceu o cara certo, é porque tem que ser assim. Pelo menos eu acredito nisso.
Amor e mais amor pra vocês, beijinhos.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Somewhere only we know; parte I

Tinham pessoas que diziam que eu nunca superaria aquilo se continuasse ali, praticamente todos os dias, regando nossas margaridas e colhendo algumas maçãs e pêssegos do nosso pequeno pomar, mas ninguém sabia o que acontecia dentro de mim para dizer isso. Era ali que eu gostava de ficar quando o mundo do lado de fora daqueles muros avermelhados parecia desabar, era ali que eu gostava de esticar uma toalha colorida na relva macia e ficar deitada por horas a fio. Ali era meu porto seguro e secreto, o lugar que eu sempre procuraria se alguma coisa acontecesse, porque de alguma forma você estava ali. Aquilo era e sempre será nosso!
Estava anoitecendo e cores vibrantes se misturavam no céu, dividindo a atenção com duas estrelas solitárias. Eu tinha acabado de chegar da editora, e sequer tirei minha jaqueta. Peguei a chave do jardim dentro duma caixinha dourada e rumei direto para o jardim.
Atravessei o pátio e destranquei a porta com todo o cuidado, empurrando-a devagarzinho para o lado. Depois de trancá-la novamente, enfiei minhas mãos na jaqueta de couro e guardei a chave da porta, enquanto vistoriava cada cantinho possível do jardim com os olhos. Aquilo era um santuário, na verdade, e ninguém entrou lá desde... sempre, exceto eu e você. Existiam apenas duas chaves para essa porta, e uma você levou embora.
Eu respirei fundo, tentando controlar a saudade que crescia dentro do peito, e joguei meus scarpins vermelhos de lado, enfiando um par de botas de plástico nos pés. Corri para aguar umas florezinhas pequenas que ficavam atrás das macieiras, quando um barulho veio do norte do jardim, exatamente o oposto de onde eu estava.
- Quem está aí? – eu respirei fundo e joguei o regador de lado, tentando apurar os ouvidos e descobrir qualquer ruído que me dissesse o que este intruso fazia aqui. Tchá-tchá-tchá. Era como se alguém estivesse cavando um buraco ou então fervendo uma jarra de água, algo impossível de acontecer ali. – Ei, quem está aí?Tchá-tchá-tchá.

- Ok, nem adianta reclamar depois. Eu vou armada e não posso responder pelos meus atos, seu intruso! – eu respirei fundo e tomei posse de uma enxada, enquanto avançava, passo a passo, para o canto de onde vinha o tal barulho.
Estava tudo bem, não estava? Quero dizer, eu vivia numa modesta mansão e alguém invade justamente o meu jardim? O que ele pretendia roubar num jardim, talvez minhas botas de jardinagem e algumas flores para dar de presente? Minha nossa, será que ele não viu a placa na porta, "Não Entre, POR FAVOR!"? Qual é, pode levar minhas joias, mas só tire essas patas sujas do meu jardim!
- Eu estou chegando, e estou armada, falo sério! – levantei a enxada em cima da minha cabeça e me escondi atrás de dois arbustos pequenos, me abaixando o máximo que pude.
E ali estava o intruso. Vestia um macacão laranja e estava mesmo cavando o meu jardim e as minhas margaridas. Eu senti meu rosto queimar de raiva e depois de apertar o cabo da enxada entre minhas mãos, até meus dedos ficarem brancos, eu pulei para o lado e gritei:
- Intruso, o que você quer aqui? Hein? Pode sair daqui pelo mesmo lugar por onde entrou, ou então eu dou com isso na sua cabeça! INTRUSO!
O homem do macacão laranja não pareceu se assustar, e depois de jogar a pá que usava para esburacar meu jardim de lado, se levantou e sorriu, limpando as mãos sujas de terra no macacão.
Oh meu Deus!

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Ei, corações! Quaaaanta saudade que eu estava sentindo de escrever novamente e de, principalmente, deixar que outras pessoas leiam. Isso me faz um bem inacreditável, gente!! Espero que vocês gostem do novo blog e tenham paciência, porque não sou n-a-d-a boa com as configurações do blogspot. Acho que deve ser falta de prática. Espero que esse meu novo blog me dê tantas alegrias quanto o CDC, que é meu amorzinho.
Ah, esse post tem siiiim continuação, gente!
Beijobeijobeijo, corações.