quinta-feira, 23 de setembro de 2010

And after all this time, you're still the one I love..

Poderiam ter se passado incontáveis anos ou apenas um quarto de hora desde a última vez em que o vira, mas o aperto que esmagou o meu coração e o transformou em um grão de areia quando eu finalmente o vi frente a mim seria o mesmo, não importando as circunstâncias temporais. Ele.
O seu corpo vestia roupas que eu jurava que nunca o veria usar em toda a minha vida e todo o seu peso estava escorado por uma bengala que nunca estivera ao alcance dos seus dedos, mas isso eram apenas detalhes, assim também como o metrô lotado e o barulho incessante. Naquele momento, os detalhes eram dispensáveis e tudo o que eu conseguia sentir era o seu cheiro inconfundível e sua voz de veludo chegar aos meus ouvidos como uma velha música que sempre gostamos de ouvir.
Era ele quem estava a poucos centímetros do meu corpo depois de tanto tempo. Mesmo depois de tudo o que ele me fizera passar, depois de todas as lágrimas que foram derrubadas por sua causa e de todas as promessas de nunca mais sequer lembrar seu nome, ainda era ele o único que roubara meu coração e o teria até o último segundo da minha vida. E eu não podia deixar que ele simplesmente fugisse e desaparecesse pelo mundo com ele. Nossa história poderia ser complicada e cheia de reviravoltas, mas ele ainda é ele. E eu ainda sou eu. Juntos, nós somos aquilo que somos e ninguém pode mudar isso.

Quem vê GG logo percebe que eu escrevi isso, que por sinal eu quase não gostei muito, inspirada na cena do metrô. Óbvio. E também sabe que essas duas últimas frases foram inspiradas na cena da B com o Chuck no episódio 2x08. Espero que gostem. Ou não. xoxo

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Letter To You

São cinco horas da manhã. O noticiário disse que a noite marcaria pouco menos de 10°C e, por isso, estou enfiada dentro de um moletom velho. Você provavelmente perguntaria por que sou louca o suficiente para estar acordada à uma hora dessas e eu riria, dizendo estar impressionada com o fato de você não me conhecer bem o suficiente para saber que eu sou imprevisível demais para estar dormindo como todas as outras pessoas da cidade. Meus lábios acabaram de se abrir num fraco sorriso torto nesse exato momento, pensando em tudo aquilo que você estaria fazendo ou não se estivesse aqui comigo. Talvez você decidisse assistir um dos seus filmes de luta chinesa, talvez você sibilasse um "você é louca demais para eu tentar te entender a essa hora" e se virasse na cama para retomar sua noite de sono, talvez você simplesmente se sentasse ao meu lado, abraçando minha cintura e recostando sua testa no meu ombro, mantendo o silêncio mortal da madrugada. Talvez. Mas eu olho ao redor e percebo que sou só eu. Só eu; você não está aqui para fazer nada disso que você poderia fazer e as lágrimas que escorrem agora pelo meu rosto são conseqüências dessa constatação. Você não está aqui e não há mais nada no mundo que eu posso querer a não ser sua presença.
Essa é mais uma carta que nunca chegará ao seu destino, mais uma que se juntará mais tarde aos inúmeros papéis dobrados e jogados em um canto escuro do meu armário. Eu juro que gostaria de te mandar essa carta e também todas as outras que te escrevi, mas qual remetente deveria usar? Eu não sei, e sinceramente acho que nunca descobrirei qual é o seu novo refúgio. Só espero que seja um lugar realmente bom, tanto quanto você merece. Eu só espero que você esteja bem, e mesmo sem me mandar notícia, sei que você sente minha falta e adoraria saber como estou me sentindo. Eu te conto, não é segredo.
Eu estou com muito medo. Eu tenho medo de abrir meus olhos pela manhã e não encontrar seus braços sobre a minha cintura. Eu tenho medo de preparar a mesa do café da manhã e saber que essa e todas as outras manhãs da minha vida será somente eu. Eu tenho medo de abrir meu armário e encontrar alguma camiseta sua perdida entre as minhas roupas. Eu tenho medo de chegar de um dia cansativo de trabalho e não encontrar seus olhos risonhos prontos para me animar. Eu tenho medo disso e infelizmente isso vem acontecendo todo dia. Eu tenho medo de confrontar meus medos, mas eu não posso fugir deles. Não mais.
Amor, espero que você esteja bem e, não importa onde você está agora, eu sempre terei você dentro de mim. Quando você se foi, deixou um pedaço de ti gravado no meu coração. Afinal, lembra-se que um dia dissestes que não me prometia um conto de fadas com final feliz, mas sim uma história de amor inesquecível? Pois bem, promessa cumprida.
Eu te amo, sempre te amarei e nunca deixe de olhar por mim, esteja você onde estiver.
Sempre sua,
Julie.

Siiiim, eu estou viva e sem muito tempo para papear hoje. Hoje eu tenho uma prova super duper de química (n), porém eu senti a necessidade de voltar aqui e postar alguma coisa. Nem que seja muito velha, como essa carta.
Espero que gostem e tenham paciência, retribuirei toda visita assim que todas essas provas e trabalhos e whatever acabar.
Love ya! xx


terça-feira, 10 de agosto de 2010

Fallin’ For You

E então ele sussurrou no pé dos cabelos loiros que caiam como uma cascata de ouro pelos ombros da garota que ainda lembrava-se com detalhes do dia em que se apaixonara perdidamente por ela. A garota sorriu por um momento e empurrou o peito do menino com as mãos, dizendo que não precisava mais conquistá-la com palavras doces e mentirosas, porque na verdade todo o seu ser já pertencia a ele.
Ele abraçou seus ombros, impedindo que ela continuasse empurrando seu corpo e encostou sua cabeça no alto da cabeleira dourada, os olhos muito verdes fixos no horizonte onde o sol já beijava o mar. Ele não estava mentindo, mas também não contrariara a garota. Ele ainda se lembrava do momento em que se apaixonara por ela.
Os olhos negros da menina estavam zanzando por todos os carros em alta velocidade que passavam na avenida à sua frente, as mãos apoiadas nos joelhos que, por sua vez, seguravam o queixo redondo da garota. Ele se aproximara com a mochila cheia de livros jogada nas costas e os olhos também fixos no movimento intenso da rua, sem nem perceber que a menina nova da sua sala estava sentada na calçada esperando o ônibus da hora.
Ele se sentara com certa distância dela e puxara os fones de ouvido para fora da camiseta, aumentando o volume e fechando os olhos para que não ficasse tonto com a velocidade dos veículos. Era mais um dia cansativo e comum, uma terça-feira sem grandes novidades.
Porém poucos segundos depois uma mão gelada chacoalhou seus ombros com uma força exagerada e, abrindo os olhos lentamente, percebera que era a magra garota de cabelos dourados que estava na sua sala há pouco mais de duas semanas. Ela tinha um sorriso sincero estampado nos lábios e assim que viu o verde dos olhos dele focalizar seu rosto, se jogou ao seu lado e começou um papo animado com o menino, que só conduzia a conversa e mostrava interesse pelos assuntos diversos que a garota falava.
Aquela era a primeira vez que ele via a menina conversar com alguém da escola.
Ela tinha gestos exagerados e quase acertara seu nariz duas vezes quando mostrava com as mãos o tamanho dos ursos de pelúcia que tinha desde pequena. Ela também tinha uma risada de sinos que poderia contagiar qualquer pessoa que estivesse à sua volta, e por mais que sua voz tivesse certo tom infantil, seus olhos eram como águas negras e profundas de um lago misteriosamente sereno. As unhas pintadas com um vermelho sangue enquanto nas orelhas ela levava duas pequenas e angelicais pérolas. Ela era um paradoxo de cabelos loiros que despertava algo estranho dentro dele.
E por mais que ele não percebesse aquilo na mesma hora, tinha se apaixonado completamente por aquela contradição de menina.

terça-feira, 27 de julho de 2010

You Got Me

Uma tarde típica de outono. Jogada em uma poltrona, passava meus olhos rapidamente pelas linhas pequenas de um livro, quando a campainha soou duas vezes. Eu ergui meus olhos da página amarela e, olhando por sobre o livro, pude ver Clarisse largar o espanador em cima da mesa e correr a passos miúdos para atender a porta.
Voltei a minha atenção para o livro, porém alguns segundos depois a voz doce e rouca de Clarisse cortou o silêncio da sala e ela apareceu na porta, com as mãozinhas entrelaçadas na frente da barriga. Ela parecia nervosa.
- Senhorita Mavinelli, tem um moço que quer falar com a senhorita. Eu disse para ele esperar na porta, mas ele insistiu em entrar.
Eu fechei o livro e logo vi John aparecer atrás do corpo pequeno de Clarisse, que deu dois pulinhos quando percebeu sua presença e se apressou em pegar seu espanador e correr para o andar de cima.
Eu pulei da poltrona e corri para a porta da sala, meus olhos fuzilando o azul risonho dos olhos de John, meu rosto ficando cada vez mais vermelho a cada segundo.
- John, como você se atreve a voltar aqui? – ele sorriu como forma de desculpas e apoiou o lado do corpo no batente da porta. John era um vigarista, praticante de crimes de colarinho branco, completamente apaixonado por artes e um ótimo falsificador. John era um sacana, não passava de um galanteador barato. – Você é inacreditável... Vai dizer que se esqueceu que meu pai já foi alvo das suas tramoias por duas vezes? Saia daqui agora!
- Você sabe que estou tentando me redimir. – ele se abaixou e ergueu a calça para que eu pudesse ver uma tornozeleira cinza piscando. – É uma longa história, mas resumindo agora eu sou um consultor de um agente do FBI e até já capturei alguns falsificadores de renome.
- Ah. – eu sorri ironicamente e entrei na sala, sendo seguida de perto por John, que se jogou em uma poltrona, enquanto eu parava em pé ao seu lado. – Então você espera que eu confie em você depois de tudo o que você já fez, depois de ser usada por você para que você descobrisse os pontos fracos da segurança da minha própria casa para poder roubar meu próprio pai?
- Eu não espero isso. Não assim tão rápido.
- Você é John Alphaville! Vai me dizer que não fica tentado a roubar quadros como aquele quando vê um? – eu apontei a lareira e vi John se levantar vagarosamente e caminhar a passos largos até ela, os olhos fixos em quatro senhoras que sorriam. Sem dúvida aquela pintura era o xodó do meu pai.
Ele ficou ali por alguns segundos e então se virou, sorrindo.
- Você sabe que sim, mas também sabe que eu não farei isso de novo.
- Eu não sei.
- Você sabe, Em. – ele se aproximou e uma de suas mãos acariciou a linha do meu maxilar. Eu fechei meus olhos, tentando evitar a armadilha azul dos seus olhos. – Você tem medo de acreditar, porque já acreditou uma vez e eu não fui capaz de te dar o devido valor.
Eu abri meus olhos e o azul dos seus olhos estavam sondando cada uma das minhas reações. Eu suspirei e abaixei a cabeça, fitando a tornozeleira na sua perna.
- Eu prometo que será diferente dessa vez.
- E como eu posso saber, John?
- Infelizmente, você não pode. – dizendo isso, suas mãos ergueram meu queixo e seus lábios quentes se colaram aos meus. Seus lábios tinham um peculiar gosto de madressilvas e... mudança, uma vontade de querer mudar o passado que eu nunca sentira antes em outros beijos. Aquele, dentre tantos outros sabores que eu já provara, era a melhor coisa que já tinha sentido na minha vida.

Sweethearts! Aos que assistem White Collar, provavelmente viram o meu Neal nessa cena, né? Pois é, isso saiu depois da season premiere da segunda temporada e eu simplesmente gostei e resolvi postar. Aos que não assistem, não sabem o que estão perdendo; em tão poucos episódios, já se tornou um dos meus seriados favoritos!

* o moço da foto é o Matt Bomer, que coincidentemente interpreta Neal Caffrey em White Collar. Ele é meu, dica. -qq

** alguém viu minha inspiração por aí. Estou preocupada, porque não consigo escrever mais nada e, bom, da última vez que isso aconteceu eu simplesmente abandonei o CDC. Mas não, dessa vez será diferente!

Agora chega de tagarelar, see ya! xxx

quinta-feira, 22 de julho de 2010

You’ve Got a Friend in Me

Ela tinha os olhinhos miúdos e um espanador de penas na mão, que ela passava lentamente por toda a extensão do seu gigantesco e velho guarda-roupa. No pequeno espelho colocado do lado de dentro de uma das portas do mesmo, uma senhora de setenta e poucos anos, vestida em um vestido bordado por pequenas e delicadas borboletas, óculos de meia-lua e olhos cansados observava sua própria imagem. Seus olhos foram da imagem no espelho para as gavetas. Ela puxou a segunda e começou a revirar as caixas de sapato que guardavam fotografias velhas, algumas roupinhas de bebê que pertencera aos seus três filhos, cartas que trocara com seu falecido marido quando ainda namoravam... Lembranças. Cheia de uma nostalgia que esmagava seu velho coração, ela empurrou a gaveta e estava prestes a remexer na terceira, quando percebeu um envelope lacrado jogado no chão. Provavelmente estava no meio de todas aquelas coisas que remexera segundos atrás. Seus dedos finos agarraram-no e, surpresa, ela percebeu que ele ainda estava fechado. Rasgou o papel envelhecido pelo tempo e, de dentro, puxou um papel de carta azul dobrado em duas partes.

Querida Lucy,

Abra seus olhos, aperte meus dedos e encare através das cortinas grossas que cobrem a janela do seu quarto. Você vê? Há luz do lado de fora da sua janela! E mesmo que não houvesse, acho que você já deve saber que eu estaria ao seu lado para segurar seus braços caso você tropeçasse na escuridão ou então tivesse medo demais para encarar a noite completamente sozinha. Ou então talvez você quisesse ficar em casa, com os olhos colados na parede pensando em tudo que pode acontecer à sua vida. Eu também estaria lá, porque na verdade eu sempre estive aqui por você, você sempre esteve aqui por mim, nós sempre estivemos aqui pela nossa amizade e não há nada maior que isso!
Nada mais clichê, nada mais verdadeiro.
Talvez o destino resolva brincar com as nossas caras e, um dia, resolva separar nossos caminhos. Quem sabe? Eu não sei o que faria sem você. Realmente sinto que o chão se abre sobre meus pés e nada parece certo quando penso nessa possibilidade, mas a vida tem essas pegadinhas. Você sabe disso. Se isso realmente acontecer, eu espero que você guarde todas as lembranças em uma gaveta esquecida e escondida da sua memória, para que nunca a perca. Nunca. Porque cada sorriso, cada conselho, cada lágrima, cada abraço, cada brincadeira, cada momento que passamos juntos se tornou um tesouro. Talvez o destino nos pregue uma peça no futuro, mas precisamos prometer que temos total controle das nossas memórias, porque nelas estaremos vivos eternamente. Afinal, prometemos um ao outro no alto de nossos nove anos de idade que seríamos eternos! Você se lembra?

Com muito amor e carinho,
Do seu eterno amigo
Dean

Suas mãos tremiam quando ela tornou a dobrar a carta e enfiá-la dentro do envelope. Dean, o melhor amigo que qualquer pessoa do mundo todo podia ter, escrevera-lhe uma carta antes de ir para a guerra, porém ela nunca recebera. Justamente por isso sempre achara que ele não se importara com ela quando decidiu partir e nunca mais voltar.
Ela tirou os sapatos e deitou-se vagarosamente sobre a cama feita, com o envelope apertado entre seus dedos frágeis, as mãos postas sobre o peito e algumas lágrimas teimosas presas no aro dourado dos seus óculos.
- Dean, meu querido amigo, talvez tenha chegado a hora de finalmente nos reencontrarmos...

* Pauta para o Sílaba Tônica
* Carta inspirada na música Light Outside – Wakey!Wakey!

domingo, 18 de julho de 2010

Menina de Sonhos

Já cansei de ouvir, por todos os caminhos que eu sigo, que quando se sonha alto demais, o choque de uma possível queda machuca equivalentemente à altura dos seus sonhos. Algumas vozes transbordando cuidado e carinho pediam para que eu tentasse ao menos relar a ponta dos meus pés no chão, cortar a ponta das minhas asas feitas de azul e poesia. As vozes querem o meu bem, eu sei disso.
Eu ouço tais palavras, eu realmente ouço, e tento com todas as minhas forças pousar em terra firme, onde a vida é feita de realidade. Onde não há espaço para os meus sonhos. Eu piso em terra firme e por um momento sinto a minha realidade longe demais, como outra dimensão. Eu sinto saudades, mas as vozes voltam a sussurrar conselhos. Os mesmos conselhos.
Eu sigo esse caminho alternativo, dessa vez sobre meus próprios pés. Há espinhos que machucam a pele sensível, mas também há rosas que perfumam e enfeitam o caminho. Há os dois lados de uma moeda que eu não conhecia, já que na dimensão de sonhos não havia dificuldades. Havia sempre o feliz para sempre no final de um livro, o pote de ouro no final de um arco-íris.
Eu suspiro e, quando menos espero, já não tenho mais os pés colados na terra molhada e os machucados causados pelos espinhos parecem borrões na memória. Um passado distante. Eu estou voando novamente, a brisa lambendo meus cabelos e os raios de sol aquecendo todo o meu corpo.

As vozes calaram-se. Talvez estejam cansadas de avisar sobre os problemas que os sonhos demasiadamente grandes podem causar, talvez eu tenha escolhido não ouvi-las mais. As vozes podem ter razão, eu sei. Porém, uma voz interna que não se faz ouvir para mais ninguém, grita para mim que os sonhos são os empurrões para que eu siga minha vida. Para que eu tente mais uma vez, se eu caí na primeira ou vigésima tentativa. Um incentivo, como o doce dado pelo dentista no fim de uma consulta. Ela grita e a voz é feita de sinos dourados. "Não se pode deter uma garota feita de sonhos."

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Here Comes Goodbye

Eu tinha as pernas encolhidas e meus braços finos abraçavam-nas, enquanto lágrimas escorriam incansavelmente pelo meu rosto pálido. Você estava com uma expressão de dor enquanto pegava suas camisas e jogava dentro de uma mala aberta em cima da cama. Mesmo estando do outro lado do quarto, conseguia sentir seu corpo todo se contraindo para não chorar. Não ali, na minha frente. Você não queria parecer fraco.
Poucos minutos depois, você pegou seu casaco de couro pendurado atrás da porta e fechou o zíper da mala em um movimento único, rápido. Apertou a alça da mala entre seus dedos e saiu do quarto sem dizer nenhuma palavra, e eu precisei pular da poltrona onde estava e agarrar seu braço para impedir que você fosse antes que eu dissesse qualquer coisa que pudesse, ao menos, amenizar a situação. Infelizmente nem todas as palavras do mundo eram capazes de fazer isso.
- Ryan, por favor... – seus olhos azuis estavam mais duros do que nunca e quando você lançou-os sobre mim, tive vontade de fugir. As lágrimas ainda escorriam soltas pelo meu rosto e meu coração parecia se contorcer dentro do peito.
- Mandy. – você puxou seu braço e eu encolhi minha mão, como uma criança amedrontada. Abracei meus próprios ombros e tentei fugir dos seus olhos, fitando seus tênis surrados. – Eu não preciso mais ouvir que a culpa de você não me amar com a mesma intensidade com que eu te amo não é sua, até porque eu já me acostumei com essa ideia. É a verdade. Você não manda no seu coração, da mesma maneira que eu não mando no meu, porque se tivesse essa autoridade, imploraria a ele que esquecesse seu jeito amável de bagunçar meus cabelos e seus olhos castanhos indecifráveis. Imploraria que ele esquecesse você; com certeza esse aperto terrível que eu sinto na garganta não existiria. Não vou mais viver como alguém que só espera um novo amor. Eu preciso correr atrás de um grande e novo amor, mesmo sabendo que você foi a única mulher que eu realmente gostaria de chamar de minha. Eu não posso mais esperar o amor e a felicidade me encontrarem aqui, porque isso não vai acontecer se eu não correr atrás delas. E é exatamente isso que eu estou fazendo agora.
Um sorriso torto e pesaroso se espalhou pelos seus lábios grossos e logo eu vi as costas da jaqueta de couro se afastando pouco a pouco de mim, descendo as escadas vagarosamente, em direção à porta. Uma sensação de culpa e arrependimento tomava conta do meu corpo, mas eu sabia que o certo estava finalmente acontecendo. Eu não podia mais prendê-lo a mim, sendo que meus pensamentos ainda estavam presos em outro alguém.
- Ele não vai voltar, Mandy. Nunca mais. Adeus. – você sussurrou essas palavras por sobre seu ombro como se me contasse um segredo e, depois de seus dedos ponderarem alguns segundos sobre a maçaneta, você abriu a porta e saiu.


* Pauta para o Sílaba Tônica