Voltei a minha atenção para o livro, porém alguns segundos depois a voz doce e rouca de Clarisse cortou o silêncio da sala e ela apareceu na porta, com as mãozinhas entrelaçadas na frente da barriga. Ela parecia nervosa.
- Senhorita Mavinelli, tem um moço que quer falar com a senhorita. Eu disse para ele esperar na porta, mas ele insistiu em entrar.
Eu fechei o livro e logo vi John aparecer atrás do corpo pequeno de Clarisse, que deu dois pulinhos quando percebeu sua presença e se apressou em pegar seu espanador e correr para o andar de cima.
Eu pulei da poltrona e corri para a porta da sala, meus olhos fuzilando o azul risonho dos olhos de John, meu rosto ficando cada vez mais vermelho a cada segundo.
- John, como você se atreve a voltar aqui? – ele sorriu como forma de desculpas e apoiou o lado do corpo no batente da porta. John era um vigarista, praticante de crimes de colarinho branco, completamente apaixonado por artes e um ótimo falsificador. John era um sacana, não passava de um galanteador barato. – Você é inacreditável... Vai dizer que se esqueceu que meu pai já foi alvo das suas tramoias por duas vezes? Saia daqui agora!
- Você sabe que estou tentando me redimir. – ele se abaixou e ergueu a calça para que eu pudesse ver uma tornozeleira cinza piscando. – É uma longa história, mas resumindo agora eu sou um consultor de um agente do FBI e até já capturei alguns falsificadores de renome.
- Ah. – eu sorri ironicamente e entrei na sala, sendo seguida de perto por John, que se jogou em uma poltrona, enquanto eu parava em pé ao seu lado. – Então você espera que eu confie em você depois de tudo o que você já fez, depois de ser usada por você para que você descobrisse os pontos fracos da segurança da minha própria casa para poder roubar meu próprio pai?
- Eu não espero isso. Não assim tão rápido.
- Você é John Alphaville! Vai me dizer que não fica tentado a roubar quadros como aquele quando vê um? – eu apontei a lareira e vi John se levantar vagarosamente e caminhar a passos largos até ela, os olhos fixos em quatro senhoras que sorriam. Sem dúvida aquela pintura era o xodó do meu pai.
Ele ficou ali por alguns segundos e então se virou, sorrindo.
- Você sabe que sim, mas também sabe que eu não farei isso de novo.
- Eu não sei.
- Você sabe, Em. – ele se aproximou e uma de suas mãos acariciou a linha do meu maxilar. Eu fechei meus olhos, tentando evitar a armadilha azul dos seus olhos. – Você tem medo de acreditar, porque já acreditou uma vez e eu não fui capaz de te dar o devido valor.
Eu abri meus olhos e o azul dos seus olhos estavam sondando cada uma das minhas reações. Eu suspirei e abaixei a cabeça, fitando a tornozeleira na sua perna.
- Eu prometo que será diferente dessa vez.
- E como eu posso saber, John?
- Infelizmente, você não pode. – dizendo isso, suas mãos ergueram meu queixo e seus lábios quentes se colaram aos meus. Seus lábios tinham um peculiar gosto de madressilvas e... mudança, uma vontade de querer mudar o passado que eu nunca sentira antes em outros beijos. Aquele, dentre tantos outros sabores que eu já provara, era a melhor coisa que já tinha sentido na minha vida.
Sweethearts! Aos que assistem White Collar, provavelmente viram o meu Neal nessa cena, né? Pois é, isso saiu depois da season premiere da segunda temporada e eu simplesmente gostei e resolvi postar. Aos que não assistem, não sabem o que estão perdendo; em tão poucos episódios, já se tornou um dos meus seriados favoritos!
* o moço da foto é o Matt Bomer, que coincidentemente interpreta Neal Caffrey em White Collar. Ele é meu, dica. -qq
** alguém viu minha inspiração por aí. Estou preocupada, porque não consigo escrever mais nada e, bom, da última vez que isso aconteceu eu simplesmente abandonei o CDC. Mas não, dessa vez será diferente!
Agora chega de tagarelar, see ya! xxx